Perfis

Mara Galbiati

Mara Regina Gerolomo Galbiati, 60, é faixa preta 5º dan e professora de taekwondo desde 1996, referência mundial no mundo das lutas. Já participou de 10 campeonatos mundiais, é bicampeã de formas no Pan-Americano, além de diversas medalhas que conquistou em campeonatos nacionais. Com anos de experiência na área da educação, é a atleta brasileira com o maior número de participações em campeonatos mundiais. Começou a praticar taekwondo como uma atividade física para melhorar sua saúde e bem-estar. Foi uma amiga sua que a convidou para praticar e, embora tenha sido difícil aceitar a questão da marcialidade do esporte, ela começou a entender como o Taekwon-Do poderia ser usado para o desenvolvimento pessoal, não só fisicamente, mas também o que foi trabalhado psicologicamente e socialmente. Ela fica feliz em saber que as pessoas se inspiram nela, mas fica ainda mais feliz por ter feito tudo o que fez e por encorajar os outros a experimentarem também. 

"O Taekwondo é a minha vida, hoje ele está em mim, presente e interiorizado. Sou uma pessoa comum como qualquer outra, mas tenho essa questão de amor e prazer pelo esporte. A arte marcial desenvolve a questão de você se colocar diante de determinadas situações e ter disciplina. O fato dele ser uma arte com tanta beleza evidencia que a mulher frágil não existe no mundo, mas sim, a mulher delicada, a mulher forte, é uma só. O Taekwondo é isso, é forte, belo, delicado, e veloz". 

A atleta diz que assumiu o "Mara Galbiati" no Taekwon-Do, já que "Galbiati" é o sobrenome de seu marido que sempre a apoiou em sua trajetória no esporte, e assim, poderia homenageá-lo. Ela acredita que o Taekwon-Do oferece um espaço para todas as mulheres, independentemente de suas circunstâncias e diferenças. Mara é uma pessoa comum como qualquer outra, mas sua paixão pelo Taekwon-Do a torna especial. 

Ana beatriz sinigaglia

Ana Beatriz Sinigaglia, 31, é formada em Medicina no Centro Universitário Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), com residência em neurologia e começou a praticar Taekwon-Do em 2012, quando estava no terceiro ano de cursinho preparatório para entrar na faculdade, já que não entrou de primeira. Ana demorou três anos para entrar no curso, e foi justamente quando começou a praticar o Taekwon-Do que, por coincidência ou não, entrou na faculdade logo em seguida. O que a motivou a treinar foi basicamente o fato de sempre ter gostado de artes marciais e da cultura oriental. Buscava uma arte marcial que tivesse alguma filosofia, então o Muay Thai, por exemplo, já não serviria. Coincidentemente, nessa época Ana estava assistindo muita série coreana, então estava bem inserida nesse contexto. Fez aula de teste de Taekwondo e foi paixão à primeira vista.

"Meu maior aprendizado durante esses anos de prática no Taekwon-Do é a resiliência. Entender que tem coisas que vão ser mais difíceis e que isso vai servir de aprendizado para fora do esporte também. Vão ter dificuldades, mas eu vou fazer minha parte. Isso tudo é uma construção ao longo do tempo. Depois, percebemos que a fase crítica passa e pensamos 'ainda bem que eu me esforcei!' e é isso, resiliência e paciência". 

Ana conta que não abandonou o Taekwon-Do devido a rotina corrida simplesmente por ser apaixonada pelo esporte, e que nunca que iria pensar que saberia se defender sozinha, que conseguiria quebrar uma madeira ou que faria saltos bacanas. A atleta percebe que todos os fatores melhoram enquanto está treinando, como seu sono, humor e até sua disposição.

Créditos da Imagem: Comitê Olímpico do Brasil.

Natália falavigna

Criada em Maringá, no Paraná, Natália Falavigna, 38, é a primeira brasileira a conquistar uma medalha olímpica, ao ganhar o bronze na categoria peso-pena feminino durante os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Taekwondista, mãe, e medalhista mundial, iniciou sua carreira no esporte aos 14 anos de idade, influenciada por um primo que praticava Taekwon-Do. Sua primeira participação olímpica foi nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, onde ela chegou à seminifinal. Foi diretora técnica da Confederação Brasileira de Taekwon-Do e hoje, a atleta coloca o exercício físico na rotina apenas como forma de saúde e qualidade de vida. Adora assistir filmes, estar com os amigos, viajar e conhecer novos lugares. Além disso, estar com a família é uma parte bem importante para Natália, já que fiz que são uma parte muito importante de quem foi na minha carreira esportiva.

"Os principais resultados vinham do Taekwon-Do feminino. É muito legal poder trabalhar com diversas modalidades e olhar o Taekwon-Do compreendendo que, apesar de termos ainda que buscar igualdades e equidades dentro desse processo, nossa modalidade tem mais igualdade"

Sua família é fonte de forças para continuar trabalhando e continuar enfrentando os desafios da vida. Ela diz que quem sonha em se tornar referência, não só no Taekwon-Do, mas em qualquer segmento, tem que ser uma pessoa sonhadora e esse sonho deve ser genuíno. Principalmente no esporte, porque para alcançar seu objetivo, vai sentir desconforto físico, emocional e uma enorme guerra interior. É necessário caminhar, ter resiliência, disciplina de constantemente estar buscando o processo e ter calma que as coisas vêm naturalmente. 

Isadora fontoura

Isadora Fontoura, 40, iniciou sua vida de atleta no Karatê, onde chegou quase até a faixa preta, porém teve que sair devido a compromissos com estudos, já que estava na época de prestar vestibular. Ela também praticou Kung Fu e Jiu Jitsu, mas sofreu lesões nos joelhos, rompendo o cruzado anterior, que a levaram a fazer cirurgias e ficar parada por um tempo. Foi após esse período que ela descobriu o Taekwon-Do por meio de uma amiga na faculdade que era faixa preta 3º dan, e acabou se apaixonando pela arte marcial, afirmando que o Taekwon-Do respeita bastante os limites das pessoas. Hoje, Isadora é mãe de uma menina e professora do esporte.

"Acredito que as mulheres que praticam tendem a se sentir mais confiantes. Por praticar artes marciais, eu tenho uma postura bem diferente do que eu tinha antes, inclusive comecei a praticar por conta disso. A partir de provocações bestas de colegas de escola, eu resolvi começar a treinar. O fato da minha postura ter mudado fez com que a postura dos outros em relação a mim mudasse também. E isso eu levo até hoje e passo para minhas alunas", diz Isadora. 

Com o nascimento de sua filha, teve que fazer ajustes em sua rotina, priorizando o tempo para cuidar dela e reduzindo o número de aulas que dava para poder passar mais tempo com sua família. Atualmente está dando aulas para crianças e adultos, e voltando gradualmente a treinar mais intensamente à medida que sua filha cresce e se adapta à sua rotina. A atleta afirma que a arte marcial respeita bastante as mulheres, no sentido de respeitar o corpo. Quando estava grávida, por exemplo, conseguia treinar mesmo com cólicas menstruais e não sentia uma pressão extrema, como talvez sentiria em outras artes marciais.  

silvia de moraes

Silvia de Moraes, 42, começou a praticar Taekwon-Do aos 10 anos de idade e logo o esporte se tornou sua paixão. Ela enfrentou alguma resistência da família, pois era dançarina e queria seguir uma arte marcial. No entanto, Silvia persistiu e eventualmente convenceu seus pais a deixá-la experimentar o Taekwon-Do. Como jovem praticante, havia poucas mulheres no esporte e ela teve que buscar modelos femininos. "Resolvi que ia trabalhar com o Taekwon-Do e foi um divisor de águas. Eu escuto muita gente tipo "Ah você vai trabalhar com o Taekwon-Do? Você vive disso? Não é um hobbie?", conta Silvia. 

 Em 2016, Silvia conheceu seu marido, o faixa preta Fabian Izquierdo, um renomado instrutor de Taekwon-Do para crianças, e juntos fundaram a TUBE (Taekwon-Do União do Brasil), com a intenção de promover o esporte como uma forma de arte, e não apenas um esporte. Como mãe e instrutora em tempo integral de Taekwon-Do, Silvia acha desafiador equilibrar suas responsabilidades. No entanto, ela encontrou uma solução incorporando seus filhos em sua rotina e ensinando-os a amar e praticar o Taekwon-Do

"Eu acho que a maternidade é um desafio para as mulheres, independente da sua classe social ou profissão, é um super desafio. Mas acho que nós, taekwondistas, temos uma vantagem. Eu que vivo do Taekwon-Do, sou professora e mãe em tempo integral, eu sinto que a arte marcial nos permite incluir os nossos filhos na rotina, então a forma que eu achei um equilíbrio foi incluí-los desde cedo", afirma Silvia.

Seus filhos cresceram em torno do Doja (sala de treinamento) e se tornaram praticantes habilidosos, com seu filho Bruno alcançando a graduação de Boosabum 1º dan. O Doja se tornou uma segunda casa para sua família, e Silvia está orgulhosa de ter encontrado uma maneira de tornar o Taekwon-Do uma parte central de suas vidas. 

maria fernanda paiva

Maria Fernanda Paiva, 16, é artista, estudante, futura médica e está em seu último ano escolar. Em seu tempo livre, gosta de pintar quadros que parecem ter sido retirados do Museu do Louvre de tão surpreendentes, se diverte tocando violão e vendo séries coreanas. Sua prática no Taekwon-Do começou há aproximadamente 10 anos, 1 ano após eu, sua irmã mais velha, iniciar. Como começou bem novinha, passou praticamente a vida toda fazendo Taekwon-Do. Hoje, é faixa ponta vermelha e já passou por alguns perrengues para tentar chegar na faixa preta. 

"No final de 2022, lesionei o pé e torci meu tornozelo, o que me tirou imediatamente meu exame de graduação para a faixa preta. Foi um momento bastante frustrante, principalmente a parte em que tive que presenciar meus parceiros de treino recebendo a faixa preta no momento em que eu deveria estar recebendo também", diz Maria Fernanda. 

Atualmente, segue praticando quatro vezes por semana para voltar ao ritmo em que estava, já com seu tornozelo 98% curado pela fisioterapia e capaz de realizar movimentos que anteriormente não conseguia. É necessário ter determinação e responsabilidade para alcançar os seus objetivos e metas com clareza. No vídeo abaixo, conto como foi o processo de Maria Fernanda para a faixa preta, suas dificuldades, superações e expectativas para o próximo exame de graduação. 

anabel vicario

Iris Anabel Vicario, 46, começou a praticar artes marciais depois de sofrer bullying com 6 anos. Com uma carreira inspiradora na área de artes marciais adaptadas, nasceu na cidade de Caleta Olivia, província de Santa Cruz, na Argentina, e desde cedo se interessou pelo Taekwon-Do. Ela se matriculou na academia do seu bairro e rapidamente se apaixonou pelo esporte. Com muito esforço e dedicação, ela alcançou a categoria de 1º Dan aos 12 anos. Após um período depois de ter seus dois filhos, voltou a praticar artes marciais. Ela se uniu às suas duas irmãs para formar o Grupo Vicario, no qual as três irmãs dão aulas da arte marcial. Iris se especializou no Taekwon-Do Adaptado após trabalhar em um centro terapêutico e perceber como as artes marciais poderiam ajudar crianças com deficiência. 

"O Taekwon-Do Adaptado é uma abordagem terapêutica onde ajudamos a fortalecer as capacidades das pessoas, procuramos trabalhar de forma interdisciplinar com os terapeutas, montando um plano de trabalho onde reforçamos as atividades que realizam no consultório", diz Anabel (tradução do Espanhol).

Há mais de 10 anos, Iris trabalha como Acompanhante Terapêutica especializada em deficiência de Taekwon-Do Adaptado. Juntamente com o professor Leonardo Duek, que é diretor do comitê internacional de Taekwon-Do adaptado ao qual ela pertence, e o professor Fabian Izquierdo, Iris escreveu um livro sobre a experiência de trabalhar com pessoas com deficiência e oferece dicas para instrutores interessados em começar a trabalhar nesse ramo. Atualmente, Anabel é faixa preta 4º Dan, diretora do Comitê de Inclusão FETRA e do Comitê Centro e Sul Americano de TKD Adaptado. Sua trajetória inspiradora é um exemplo de como a dedicação e o amor pelo que se faz podem levar a grandes conquistas e transformações na vida de outras pessoas.